O mundo está de cabeça para baixo e vai continuar assim enquanto não olharmos para as verdadeiras causas. A maior tristeza é saber que tudo isto foi o melhor que conseguimos até agora. A violência e a confusão em que o mundo se encontra, pede uma enorme transformação. E afirmar isto, já é complexo e abstrato o suficiente. Precisamos de começar por algum lado, pelo princípio:
Amor e educação é a base de tudo.
Existem duas formas de educação: a familiar e a escolar.
Um lar feliz e amoroso auxilia as crianças a tornarem-se adultos mental e emocionalmente saudáveis. Nós sabemos que na maior parte dos lares a realidade é bem diferente. E é este facto que gera uma sociedade de sofrimento, doente e narcisista, porque as crianças não estão a receber, nos primeiros anos de vida, o amparo, o valor, o abraço, o carinho e o cuidado que necessitam.
A necessidade de ganhar dinheiro, o modo como fazemos a vida funcionar atualmente está a deixar as crianças em creches, com baby-sitters ou na escola e elas estão a gritar por um amparo familiar. Precisam de um porto de abrigo. As crianças estão agora verdadeiramente abandonadas sem base emocional, espiritual e mental. Não quero com isto culpar os pais. Sabemos que os pais passam por jornadas absurdas de trabalho e chegam a casa completamente extenuados, não conseguindo assim, ser a presença que os filhos precisam. Está cada vez pior, porque todos nós conseguimos perceber que não dá para sair de casa sem gastar dinheiro. Precisamos pagar por tudo e cada vez mais caro.
O amor familiar é tão importante que a falta dele cria sociedades como a que vemos hoje. Esta falta de amparo deixa grandes problemas para a pessoa resolver na fase adulta, como, por exemplo, grandes bloqueios em relacionamentos amorosos, na vida profissional, depressão, problemas de prosperidade. Depois, adultos com estas questões para resolver estão a ter filhos. Querer ter filhos significa também estar disposto a marcar a presença com amor. Mesmo que consigam passar duas horas com os vossos filhos, não dá para atenuar as dez horas que eles passam sem uma presença amorosa. Não tem outra forma. É essencial abraçar mais, brincar mais, passar mais tempo de qualidade com os filhos. Temos de dar mil vezes o melhor, porque o mundo dá o pior.
É verdade que os nossos pais também não receberam esse amparo da parte dos seus próprios pais e, por isso, é preciso reeducar tanto os pais, como os professores. A nova educação deverá ser baseada na fraternidade, em saber cuidar de si e dos outros, na natureza e principalmente em despertar os dons divinos das crianças. Uma ressalva importante aqui: as crianças já trazem dons que devem ser desenvolvidos, ou seja, não precisam de passar por um processo de escolarização doente para que dela saia um funcionário para se encaixar numa profissão. Está tudo errado… no futuro, metade dos trabalhos já não vão existir. Serão criados novos. A criança não é para se encaixar numa profissão em que se ganhe muito dinheiro. A criança deve ser ensinada e estimulada a usar a sua criatividade, a desenvolver o seu dom divino para que dele brote a sua profissão. Uma profissão inovadora ou não, não interessa porque será a dele.
As escolas são extremamente aborrecidas, não estão preparadas para acolher e respeitar a natureza das crianças. Estas precisam de desenvolver a sua criatividade e de espaço para criar. Já não basta a criança não ter uma família que lhe dê amparo. Ainda tem de ir para uma escola que funciona contra a sua natureza, enclausurando a sua verdadeira essência.
A mulher tem o dom divino da educação e com isso pode gerar uma nova humanidade com base no amor e na sabedoria. Ensina-se o amor amando os filhos desde que nascem, até à idade da adolescência. A mulher tem a virtude sagrada de educar, zelar, aconchegar a criança. E as mulheres precisam de chegar à frente e assumir o seu poder. Não que os homens também não precisem, precisam sim. Mas quem dá o ensinamento é a mulher. E se a mulher for educada para ativar os seus dons, ela torna-se a educadora perfeita. O que falta neste mundo é as pessoas ativarem os seus dons divinos. Não digo mãe perfeita como se toda a mulher deva ser mãe obrigatoriamente. Digo educadora. Educadora das crianças, educadora do mundo.
Instrução vs educação
Confundimos os conceitos. A educação que temos hoje é na verdade instrução, ou seja, somos instruídos para ocupar um lugar numa engrenagem bem montada. Com a industrialização criámos um modelo de consumo que está a colapsar. A pessoa cumpre uma função. O nosso modelo educativo, e basta perguntar a qualquer professor, a qualquer criança e pessoa entendida na matéria, está obsoleto. Não há ninguém que se reveja neste sistema educacional, que se expanda, eleve, amplie, tenha alegria. É tudo um aborrecimento sem sentido e um frete. É uma robotização. Até uma criança percebe “porque eu tenho de aprender isto se não vou usar?”...
Educar significa tirar de dentro para fora. Ir ao encontro da criança e ajudá-la a tirar de dentro aquilo que é, para que naturalmente, mais tarde, aja conforme quem é. A sua vida é um reflexo de quem é, e assim será a profissão que escolher ou que decidir criar.
Matamos completamente a possibilidade de criação de um novo mundo porque este é oferecido pelas crianças. Dizem que as crianças são o nosso futuro, mas não deixamos que esse facto ocorra. Nós apenas queremos crianças com conhecimento. Mas já sabemos que o conhecimento pode não levar a um bom caminho.
Criamos um mundo novo através da criatividade… aquilo que é precisamente morto na escola. Instruir significa pôr camadas. E essas camadas abafam, tapam e reprimem a essência da criança que veio se expressar e transformar o velho num futuro melhor para si e para os outros.
Vamos dar livros bons para as crianças, deixá-las pintar, desenhar, construir, brinquedos que estimulem a criatividade e a inteligência delas. Mais jogos interativos, sair da televisão, sair do telemóvel.
O ponto cego da humanidade
Toda a gente diz que o mundo está a ficar louco e as pessoas doidas. Cada vez mais os podres do mundo estão a ser descobertos. A sociedade está stressada e doente. Tudo o que vemos é um grito a pedir mudança.
Como querem políticos decentes com esta educação? Dizemos: “estuda filho, estuda para conseguires mudar o mundo” e este é o ponto cego da sociedade…
Passo a explicar:
Mundo tecnologicamente evoluído, mas emocionalmente e espiritualmente adoecido. Decaído, ou seja, piora a cada dia que passa. A tecnologia está a destruir-nos. Não porque seja má, mas porque não conseguimos controlar nada. Estamos doentes e a usá-la de uma maneira que nos coloca pior. O mundo está inspirado pela idiocracia. As pessoas acham que é o conhecimento que as irá salvar. Bem lá no fundo das suas consciências, existe uma vozinha que as avisa de que algo está errado. As pessoas já sabem disso, mas não mudam, não conseguem…
Sem desenvolvimento emocional e espiritual, o conhecimento não salva nada. Podes ensinar o que tu quiseres, que a pessoa continua a agir pela emoção. E a emoção está reprimida, pouco desenvolvida, com traumas e um profundo, completo vazio interno.
O mundo está um caos, as pessoas não estão felizes, e a forma de descomprimir, de aliviar, de trazer bem-estar é rir, olhar para as coisas mais parvas porque fica mais leve. Assuntos mais superficiais porque a vida já está tão pesada. E é compreensível. Só que mais uma vez a mudança que é preciso ser feita fica para o último passo a ser dado. E continuamos numa espiral que torna tudo cada vez pior. A questão é que as pessoas até sabem disso…, mas não conseguem mudar, a emoção toma conta delas. Novamente…
O sistema não é sábio, nem sequer inteligente, porque se fosse, o mundo não estaria a piorar, mas sim, a melhorar. E as pessoas, ingénuas, acham que é a estudar mais que chegam a cargos superiores para tomar melhores decisões.
O sistema não tem capacidade de nos reger. Inclusivamente existe um orgulho tolo em se trabalhar demais. A pessoa fica orgulhosa por trabalhar muito… para enriquecer o empresário? Abdicando da família e dos filhos? Inovação devia ser a palavra mais pensada no planeta. Mas não inovação da tecnologia, existem coisas mais prioritárias para focarmos antes, como, por exemplo, a educação.
Mundo de narcisistas
O mundo está cheio de narcisistas e como se isso não fosse mau o suficiente, os cargos superiores do mundo são ocupados por narcisistas. Como são criados os narcisistas? Sim, existem muitos graus de narcisismo, mas todos têm uma coisa em comum: vazio interno e falta de amor.
A humanidade vê que economistas são eleitos para cargos políticos e não se questiona do porquê do fracasso da economia. Quem vê o mundo de fora do sistema, pergunta-se: “se economistas são eleitos para governar as economias, porque a economia está sempre um fracasso?” e “se o mundo é regido pelos sábios da ciência porque é que o mundo está sempre com problemas de saúde?” e “se o mundo é regido por filósofos porque é que o mundo está sempre com problemas espirituais, vazio e sem sentido?” Existem mestres e diplomados porque não dá certo? Ele não foi feito para dar certo. Concebido para continuarmos sempre à espera de alguém que nunca chega para consertar. E como é que mudamos isto? Com mais amor e educar para a sabedoria em vez do conhecimento.
O conhecimento por si só não salva. Falta muita sabedoria e ainda muito mais consciência.
Um homem imaturo, doente faz o quê com tanto conhecimento? Cria bombas. Aqui é o planeta onde uma pessoa que está prestes a morrer, tem de pagar imenso dinheiro por um remédio. Onde o dinheiro vale mais que vidas e continuam a dizer que a salvação está na educação… é sério, isso? Temos conhecimento para criar remédios, mas falta de amor e empatia para dar a quem precisa.
São superinteligentes, mas não curam o mundo. Então, o que fazemos com um narcisista? Educamos mais? Somos mais firmes com ele? Batemos nele até ele perceber que fazer mal aos outros é errado? Colocamo-lo na prisão? Isolamo-lo? Quem cria bombas é um narcisista. Narcisista é uma pessoa muito inteligente, mas que usa a sua inteligência para o que é errado devido à falta de empatia e de sentimentos de amor. Não vos parece um pouco como o mundo funciona hoje? Existe uma imensa falta de amor neste mundo. Agora releia a parte “educação é a base de tudo”.
“Os economistas tinham sobretudo a obrigação de não nos andarem a calcular a inflação e a taxa de juro e essas coisas, mas dizerem de que maneira é que nós podemos fazer avançar a gratuitidade da vida. “ Agostinho da Silva
A sociedade é regida por narcisistas, portanto políticos e todas as “autoridades” parecidas. Narcisista é um ser vazio que como não tem amor nem empatia alimenta-se do sofrimento dos outros. Toda a gente sabe disso, toda a gente sente, mas falta discernimento e coragem para deixar de pedir socorro a políticos. Toda a gente percebe que as soluções dadas pelos governos não fazem sentido, não resolvem. É estranho, é ilógico. Eles não vão deixar de ganhar dinheiro, de sobreviver à custa dos outros, esqueçam a solução perfeita. Esqueçam uma verdadeira medida para erradicar a pobreza. Esqueçam, por exemplo, uma das muitas óbvias soluções: distribuição dos salários mais justos. Eles são inteligentes, mas só para o que querem.
“Só existe governo exterior a nós porque temos preguiça de nos governarmos a nós mesmos.” Agostinho da Silva
Ressalvo que erudição é um narcisismo profundo. Para quê tanto conhecimento, tanta coisa, e no que isso de facto ajuda o próximo? É um aumento da capacidade mental que não leva a lado nenhum. É só para encher um balão chamado ego. Tirar vírgula, meter vírgula, santa paciência, onde isso é importante?
O ego vs a criança
Quando uma criança é malcomportada, a origem está no desamor. As pessoas, ou pelo menos algumas, dizem que é melhor não dar muito carinho e atenção porque iremos mimá-las. As famílias não dão suficiente amor a uma criança. Quando assistimos a notícias do mau comportamento das crianças nas escolas, mandamos vir com os pais, com os professores, mas nunca com o que realmente é a causa. A nossa ferida abriu: o nosso ego que nos diz que a criança é má e não nos obedece. As pessoas dizem que a solução é uma melhor educação sem saberem muito bem o que é educar. Educar, para algumas pessoas, é bater. Ficamos mais duros, é o nosso cérebro que reage e não o nosso coração. O nosso coração perguntará… o que se passará com ela? Entramos em luta com as crianças e o ego dos pais irá sempre querer se sobrepor à criança utilizando a autoridade moral. “Vais te comportar a bem ou a mal”. Obviamente que as crianças precisam de limites, de educação, de pais firmes, de aprenderem a partilhar e a conviver saudavelmente…
O que salvará o mundo é a completa reformulação da educação para que seja retirado o lixo mental, disciplinas que não acrescentam nada e acrescentar a dimensão emocional e espiritual da vida. Quando falo da dimensão espiritual, não me refiro à religião nas escolas, pelo que isso seria um retrocesso. Dimensão espiritual significa ensinar a fraternidade, o amor por si e pelos outros, ativar a criatividade, imaginação, ajudar a criar, a conhecer a sua essência e talentos. Para que a criança aja de acordo com a sua alma e esta seja reconhecida e encorajada. O que acontece é que pomos camadas de lixo mental numa criança que sabe perfeitamente não precisar de metade. Obrigamos a distorcer a perfeita lógica da criança.
As crianças não querem lutar. Eu sei que parece, mas não querem, querido adulto ferido, querem que entendamos que a escola não faz sentido como está desenhada. Querem nos mostrar uma realidade que teimamos não ver. Elas querem a nossa firmeza sim, o nosso apoio não só para as educar verdadeiramente, mas também para moldar a escola e um mundo onde elas podem existir em plenitude. Querem a nossa atenção e um verdadeiro olhar para as suas necessidades. Querem o nosso amparo e amor. Sem o nosso umbigo a atrapalhar o caminho delas, que acha que estão mais indisciplinadas e que são moles e fracas, que não sabem que antigamente era pior. Que têm de comer e calar porque o mundo funciona assim. Que acham que andamos a criar uma geração de fracos.
Vejamos que estudos demonstram que os adultos compram por emoção e não por lógica. É exatamente da mesma maneira que agimos, da mesma maneira com que educamos os filhos. Por emoção. E as nossas emoções são descontroladas, imaturas. Os adultos são crianças imaturas que quando veem a criança a comportar-se mal, a sua reação é bater de volta.
Vou fazer uma lista de coisas que não nos ensinam na escola: não nos ensinam como amar alguém, não nos ensinam sobre finanças, não nos ensinam como nos afastarmos de alguém que nos faz mal, não nos ensinam as coisas sobre o ponto de vista dos outros, não nos ensinam o que dizer a alguém que está a morrer, não nos ensinam a usar e a ser o que temos de melhor. Basicamente não ensinam nada que valha a pena saber.
“A escola ensina-nos bastante bem a memorizar factos, algo que hoje os smartphones podem substituir facilmente” Vishen Lakhiani
E não me venham com a história de que isso é trabalho dos pais. É trabalho de todos! É responsabilidade de todos! Formar um bom ser humano com a luz ativada é trabalho de todos! Porque se esse ser humano, que não sente amor, tornar-se num assassino, ele vai matar pessoas e crianças de outras famílias. Vai causar danos em toda a sociedade. Vai magoar as famílias que sofreram essa terrível perda, e vai causar ódio a todos na sociedade. Quando alguém faz mal a outra pessoa, essa é uma perda de todos. É uma sombra e uma falha que o sistema demonstra. Se os pais não dão o exemplo, que haja alguém de fora que dê… muitas vezes isso salva. As crianças aprendem pelo exemplo e para isso a sociedade precisa ser exemplar.
“Os seres humanos não são smartphones, eles possuem smartphones. Não precisamos de cabeças cheias de factos inúteis quando temos acesso à internet. O que precisamos é de uma cabeça cheia de sabedoria, práticas amorosas, desenvolvimento emocional e conhecimentos certos para nos ajudarem a lidar com os aspectos complicados, confusos e belos de ser-se humano” Sugata Mitra
E não me venham com a história da necessidade de estimular o senso crítico e a lógica. Se a escola fizesse isso já o mundo não estaria como o conhecemos. Com tanto entulho ensinado na escola, a criança nem respirar consegue, quanto mais pensar. A criança sabe e diz “para quê se eu não vou precisar disto?”. Aí está o espírito crítico da criança com mais lógica do que se pensava. E o que nós dizemos? Dizemos para se calar e estudar, porque tem de ser.
Podem encher a criança de conhecimento que ainda assim será a emoção a comandar a sua ação. Precisamos educar a criança a lidar com as emoções, porque assim poderá tomar melhores decisões.
“Os nossos sistemas educativos obsoletos programam-nos para encaixarmos como uma peça na engrenagem da sociedade moderna para manter o status quo e para mantermos as indústrias a funcionar. E assim, acordamos, vestimo-nos, trabalhamos até à exaustão e compramos mais porcarias de que não precisamos”. Nuno Michaels
O conhecimento não se transforma em sabedoria se não é posto em prática. O conhecimento não se torna sabedoria se não for ensinado com base no amor. O conhecimento é injetado, a sabedoria é extraída. Peço, por favor, que aprendam a diferença e comecem a falar mais sobre sabedoria e menos sobre conhecimento.
Proposta
Famílias amem, acolham e amparem de verdade as crianças, quanto mais novas mais necessidade existe de isso acontecer. Não as estão a mimar, estão, sim, a formar adultos verdadeiramente saudáveis. Não esquecendo de, quando se portarem mal, serem firmes, dizerem não. Lembrem-se que, quando uma criança se porta mal, ela não é má, não vos quer enlouquecer, não é sobre vocês ego do adulto, é sobre a ainda incapacidade de se controlar. Do que é que ela precisa? De muito amor, orientação e educação firme.
Reformulação completa do ensino. Menos entulho mental e mais ensino da criatividade, sobre as emoções, ativar os dons da sua essência, ensinar sobre finanças e mais sobre a vida, lidar com os outros, mais atividade manual. A criança estará assim preparada para mais tarde na vida adquirir o conhecimento científico de que a escola tanto acha que é importante.