O culto à inteligência, a sociedade baseada exclusivamente na ciência e nas atividades pragmáticas, assassinou o maior de todos os recursos evolutivos do ser humano: O sentimento, a emoção.
As pessoas que desistiram de se emocionar, que desistiram de sentir e, por conseguinte, passaram a sofrer do coração, têm hoje à disposição belíssimos blocos operatórios, que em algumas horas abrem o peito e põem o órgão como novo. Isto é feito por homens valorosos e inteligentes.
Ninguém vos fala em evitar esses blocos operatórios assépticos e eficazes. Nunca ninguém vos fala como a inteligência tapa, perfura, obstrui e mata esse órgão sensível e subtil. Ninguém vos diz para não taparem, não obstruírem o vosso coração através do ato corajoso de sentir.
Sentir é a comunhão. Sentir, pôr cá para fora uma nova linguagem, muito mais inteligente e lógica, saudável e autêntica. A linguagem do sentimento. A linguagem do coração. (...) O coração, o que vocês sentem, é uma espécie de código em que a alma se comunica, nem sempre lógico, nem sempre inteligível, muitas vezes doloroso e brutal, mas sempre, sempre correto. O coração não vos leva para becos sem saída, para buracos negros energéticos. (...) O ser humano sempre andou às turras com o racional e o emocional, e nunca conseguiu conjugar os dois na perfeição. Quem ganha? Quem manda?
Mas nunca, como hoje, a coisa esteve tão distante do caminho. Subitamente passou a ser mal visto as pessoas guiarem-se pelo coração. São chamadas de irresponsáveis, loucas, despropositadas e irrealistas.
Juntam-se várias pessoas para irem convencer um jovem a esquecer o seu sonho! Com o argumento de que querem "trazê-lo de volta à realidade", despedaçam o caminho que o coração lhe dita. E para tal, utilizam uma frase em voga e que produz efeitos extraordinários: "Se fores por aí, vais sofrer"; "Isso não é vida para ti."
Parece que quando temos um sonho, quando queremos seguir o caminho que o coração nos pede, há sempre um frustrado para nos interromper a caminhada. Ele não conseguiu seguir o seu sonho e não suporta o facto de outra pessoa seguir o seu.
Nunca, como hoje, a inteligência foi tão empolada. A inteligência pede uma lógica. O coração não tem lógica, nem tem de ter.
Assim, ensinam-vos que o que não tem lógica não presta, só serve o que a mente possa compreender. Uma pessoa num determinado dia acorda muito triste, mesmo muito triste, sonhou com a mãe que morreu e sente tantas saudades que parece que vai explodir. É uma mensagem do coração. Pede para a pessoa chorar, fazer o luto definitivo. Pede para a pessoa ficar, chorar, sentir, desesperar-se, se preciso for. Ficar só.
E no fim da catarse, no fim da dor, no fim de todas as lágrimas que houver no mundo para chorar, depois de algumas horas de tristeza e de dor… por fim… a paz. Só no fim da dor é que está a paz. A dor, a tristeza, se unidas até ao fim, transformam-se numa infinita tranquilidade.
Mas esta pessoa não pode ficar a chorar o dia todo. Tem mais o que fazer. Tem de ir trabalhar, pôr os filhos na escola, ir ao supermercado, às compras, enfim, a realidade.
E como esta tristeza súbita não tem lógica alguma, e tudo na vida tem de ter uma lógica (pensa ela), rapidamente enxuga as poucas lágrimas que ousaram escorrer, e vai à sua vida. E pensa: “Ainda bem que eu sou inteligente, que uso a cabeça para não me deixar cair numa tristeza estéril, que não serve para nada.”
E as saudades da mãe ficam ali, à espera de nada, sufocadas, prontas para sair e presas sem dó nem piedade. E às saudades da mãe juntam-se as tristezas profundas que um dia tentaram sair e foram maltratadas, espezinhadas, devido à procura da lógica. As lágrimas nunca têm lógica.
Toda essa tristeza acumulada cria um imenso nó energético a que você aí embaixo chama bloqueio emocional. A pessoa, como não pode chorar, aos poucos, vai deixando de sentir.
Um dia não consegue levantar-se da cama. Não acha graça a nada, apetece-lhe morrer.
A tristeza transformou-se em depressão. Tomou conta dos poros, das células, das veias. A tristeza não saiu, ficou e ampliou-se, até tomar conta de tudo.
E nessa altura, quando já está a sair pelos poros… Quando finalmente deixam de procurar a lógica… Quando começam a aceitar que pode ser algo grave… Em vez de procurar um desbloqueio emocional, de modo a que a pessoa se liberte das prisões emocionais e regresse à vida… Em vez disso, o que é que fazem? Dão medicação para ainda abafar mais, para ainda matar mais essa dor que teima em querer sair. A inteligência cria os remédios e teima em utilizá-los. O problema do vosso tempo é a falta de fé.
Enquanto temos fé, deixamos o coração chorar, porque sabemos que não estamos sozinhos e que quando ficarmos tristes um ser de luz virá sempre em nosso auxílio. Quando temos fé, seja no que for, sabemos que não estamos sós. Sabemos que a vida é feita de vários planos, de várias camadas e de várias subtilezas. Quem não tem fé acredita só em si próprio. Acha que sabe, acha que pode. É aquele ego imenso à procura da lógica em tudo, a tentar provar a si próprio que é inteligente e melhor do que os outros, está ocupado demais para ver o outro lado da vida.
Esse ser tem à sua frente uma estrada sem saída, de perda, frustração e dor. Se, ao contrário, utilizar a inteligência para compreender a linguagem do coração e assegurar a viabilidade do caminho sensitivo, se utilizar a mente para ouvir melhor o que sente, estará a completar uma das mais sagradas harmonizações de opostos do ser humano: mente/coração.
E, ao juntá-los, garanto-vos que irão entrar numa dimensão harmônica em que tudo o que vos rodeia passa a ter imensa lógica. A lógica do coração é a lógica da abundância. Quando tiverem vontade de chorar, chorem. Quando tiverem vontade de gritar, gritem. Quando tiverem vergonha de sentir, lembrem-se: a mente tem a lógica dos homens, o sentimento tem a lógica do universo. Façam a vossa escolha.
Texto editado de "A Era da Liberdade" mensagens de Jesus recebidas por Alexandra Solnado