Num certo dia, um cliente chegou até mim com uma atitude expectante. Procurava respostas sobre o seu caminho. Pensava que eu, por ser terapeuta, lhe diria exatamente para onde ir e o que fazer. Mas, para sua surpresa, não sou esse tipo de médium…
A minha resposta deixou-o intrigado, e continuei a explicar-lhe que, nas minhas consultas, não dou direções, mas ajudo cada pessoa a ver o seu próprio caminho.
À primeira vista, pode parecer um atalho quando um médium revela um destino, mas de que serve saber o caminho, se dentro de nós há poços vazios que ainda precisam de ser preenchidos com água pura e transparente? O nosso destino não pode ser revelado por ninguém. Os nossos guias respeitam-nos, orientam-nos de acordo com a fase da vida e com o nosso estado interno. Não nos dizem onde chegar – mostram-nos o próximo passo. E, muitas vezes, esse passo é sair do fundo do poço.
Claro que um médium pode apontar o caminho. E a pessoa até pode aceitá-lo. Mas estará preparada? E se seguir essa orientação apenas porque a validou externamente? E se, ao longo da jornada, perceber que não é feliz, porque saltou curvas preciosas que eram essenciais para o seu crescimento?
Disse-lhe, então, para não seguir cegamente o que os outros dizem – esse tem sido um dos maiores desafios da humanidade. As religiões oferecem caminhos, mas nem todos encontram neles a sua verdade. Podem servir como linhas orientadoras, tal como os Grandes Mestres Iluminados também o fazem. Eles são os Sábios que devemos ouvir e compreender com atenção.
No entanto, cada um de nós tem o seu próprio caminho de iluminação. Eu posso dizer, com toda a certeza, que o destino de todos nós é ascender, libertarmo-nos da ilusão e reconectarmo-nos com Deus. O que fazes com esta verdade? Para uns, pode parecer confusa. Para outros, demasiado exigente. Alguns podem até rejeitá-la. Mas a verdade mantém-se. E não existem atalhos. O caminho avança caminhando.
Não procures validação externa. Ela tem sempre o potencial de desviar-te.
Não há problema em existirem médiuns que mostram caminhos. Não há problema em estudar a verdade que liberta, ensinada pelos Mestres. Não há problema em fazer terapia, conversar com amigos ou procurar apoio. Devemos fazê-lo.
O problema está em seguir orientações externas sem desenvolver a nossa voz interior. Porque a dependência de fatores externos é real. Se alguém te diz o teu caminho e, um dia, chegas lá… o que fazes a seguir? Vais novamente perguntar a um médium?
Percebes agora o que quero dizer? Não dependas de ninguém. Procura ajuda, sim, mas mantém sempre a tua autonomia. É nela que reside o teu verdadeiro poder.
Desenvolver a escuta da tua intuição é essencial – e é para isso que servem as minhas terapias. Capacitar-te a encontrar, dentro de ti, a fonte que te guia passo a passo. Assim, poderás atravessar o deserto, alcançar a água refrescante que te motiva, e, por fim, chegar à praia que te espera.
Posso até acrescentar aqui uma lógica – a lógica da espiritualidade. Disse que o nosso destino final, enquanto vivemos aqui, é a reconexão com Deus. Quando ouvimos a nossa voz interior, percebemos que ela tem camadas profundas. E, à medida que as vamos descascando, acabamos sempre por chegar a Deus.
Os Mestres falaram A Verdade. Eu sigo os Mestres, com muito cuidado, e trago-vos a Verdade.
Têm o discernimento de perceber se aqueles que seguem percorreram caminhos semelhantes aos Mestres, que falam A Verdade?
Conseguem perceber a diferença entre receber verdadeiro apoio e orientação ou, pelo contrário, desviar-se do vosso caminho?
Percebem a importância de se capacitarem, buscando orientação com quem Sabe de verdade e desenvolvendo o vosso discernimento interior, para nunca se perderem em informações externas?
Percebem o poder da vossa voz interior e porque precisam de a descobrir, de a permitir falar?
Compreendem que a vossa voz interior só pode emergir quando se libertam de tudo o que não é realmente vosso?
O cliente escutou finalmente o seu interior… e percebeu.
E percebeu que aquilo que ouviu já lhe estava a ser gritado há imenso tempo.
Percebeu todo o trabalho que precisa de fazer – a aceitação da sua voz, a força para atravessar a dor.
É por isso que procuramos caminhos rápidos, alguém que nos diga o destino, que nos oriente. Porque o caminho interior não é fácil.
Chegar a Deus não é fácil – primeiro, precisamos de nos libertar de tudo o que nos pesa e obscurece a nossa essência.
Então, pergunto-te: tens confiado na tua verdadeira voz?
Estás pronto para largar mapas alheios e finalmente trilhar o teu próprio caminho?